A diversidade nas empresas vem sendo bastante discutida ultimamente. Mesmo que ainda seja um tabu para muitos, é um tema de interesse nas organizações, e o setor automotivo não poderia ficar de fora desse debate.
A indústria automotiva é poderosa no Brasil, tanto que, segundo o IBGE, o segmento é responsável por quase 5% do PIB do País. Além disso, a Anfavea, associação que representa os fabricantes de veículos, apontou que a produção em 2019 passou de 2,9 milhões de automóveis.
A questão é: como um setor com um potencial enorme se posiciona quando o assunto é diversidade e inclusão de minorias? Para responder a pergunta, a Automotive Business fez um estudo, chamado Diversidade no Setor Automotivo, em parceria com a MHD Consultoria.
Realizado com 89 empresas do setor, a pesquisa mostrou o aumento do interesse das organizações em incentivar a diversidade e a inclusão. De acordo com o estudo, 74% dos entrevistados entendem a importância de ações afirmativas para promover o tema.
A diversidade nas empresas já é realidade e o setor automotivo entendeu que a diversidade se tornou um fator estratégico e de competitividade. Porém, o segmento continua longe de ser realmente incluso, e é o que você verá a seguir.
A diversidade nas empresas brasileiras
O setor automotivo está longe de ser um espaço de inclusão e representação da sociedade brasileira. Apesar do pequeno avanço e da boa vontade com o tema, somente 12% das empresas que participaram da pesquisa têm programas para a diversidade.
Por outro lado, 50% das organizações ainda estão nas fases iniciais. O setor tem predominância masculina e branca, com esses fatores sendo mais evidentes nos cargos mais altos.
A participação das mulheres é de apenas 10% na vice-presidência ou presidência das empresas que possuem esses valores.
Outro grupo que não está bem representado é o de pessoas negras, que têm apenas 4% das posições de diretoria e não possuem participação em cargos de vice-presidência e presidência.
É um cenário desigual que preocupa, mas também traz oportunidade para a construção de novas respostas.
Força de trabalho das empresas automotivas
A diversidade nas empresas automotivas tem um abismo enorme. Para você ter uma ideia, segundo os dados do estudo citado anteriormente, em 2019, apenas 19,75% das mulheres faziam parte da indústria. Apesar disso, a pesquisa mostrou que elas são mais escolarizadas.
As profissionais do setor automotivo têm uma formação mais completa: 33% possui ensino superior e 8% concluiu especialização, sendo pós-graduação ou doutorado, enquanto os homens com graduação representam apenas 21% e, com especialização, o número cai para 6%.
Os dados mostram uma escolaridade maior das mulheres no segmento, porém, a realidade dos salários ainda é desigual, e você verá no decorrer do texto.
Liderança feminina no segmento
Ter mulheres na liderança ainda é pouco comum. Apesar de as contratações serem equilibradas nos cargos de estagiários e aprendizes, ao longo do tempo, o número de pessoas do sexo feminino que ascendem profissionalmente cai drasticamente.
Entre 2017 e 2019, a evolução da presença das mulheres em cargos de liderança (gerência, diretoria, vice-presidência, presidência e conselho) foi discreta, e avançou pouco. Isso mostra como o setor automotivo ainda precisa ter um debate sério sobre o assunto.
Presença de pessoas negras no setor automotivo
A desigualdade entre os gêneros se torna ainda mais evidente quando se trata de pessoas negras. Neste caso, o desequilíbrio é ainda maior do que com as mulheres e já começa na contratação: apenas 11% dos aprendizes são negros e 12% dos trainees e estagiários.
As pessoas negras têm acesso limitado, sem nenhuma presença em cargos de presidência e vice-presidência, e participação de apenas 2% em cadeiras de conselho das empresas.
Além disso, mesmo que a inclusão de pessoas negras seja um dos desafios na ampliação da diversidade nas empresas automotivas, elas recebem pouca atenção das organizações.
Apenas 13% das empresas que participaram do estudo têm programas estruturados de diversidade nessa frente.
Pessoas com deficiência e o mercado automotivo
Por causa da Lei de Cotas, que determina que todas as empresas com mais de 100 funcionários tenham um percentual de Pessoas Com Deficiência (PCD), esse é um dos eixos com mais ações nas empresas automotivas. Mesmo assim, poucas vão além de cumprir a legislação.
Estes profissionais estão amplamente alocados em áreas produtivas (77%) e administrativas (21%). Apenas 1,5% dos colaboradores com algum tipo de deficiência ocupa cargos de supervisão, enquanto na liderança a representatividade é inferior a 1%.
A diversidade nas empresas automotivas com os profissionais LGBT+
Infelizmente, os profissionais LGBT+ também sofrem com a questão da diversidade nas empresas automotivas, pois 65% das organizações não possuem nenhuma iniciativa para promover a diversidade e a inclusão dessas pessoas.
Além disso, apenas 24% das instituições garantem os mesmos direitos de licença e benefícios parentais aos colaboradores LGBT+.
Como as empresas veem a diversidade?
Antes de qualquer ação afirmativa, a promoção da diversidade passa pelo código de conduta das organizações. É fundamental que o documento englobe políticas que valorizem a diversidade, incentivem o respeito e tenham tolerância zero com qualquer tipo de discriminação e preconceito.
Outra base importante para garantir a diversidade nas empresas e também a inclusão dos colaboradores para criar ambientes seguros e respeitosos são as políticas de Recursos Humanos, ou seja, sem uma base estruturada e um plano sólido, de nada adianta apenas falar sobre diversidade, é preciso agir.
Das empresas que responderam a pesquisa, 76% contam com medidas para evitar qualquer tipo de discriminação e assédio. Ou seja, a conscientização está crescendo no ambiente de trabalho.
Ter um orçamento para a inclusão e a diversidade traz sustentabilidade às iniciativas das empresas e, apesar de grande parte delas ter uma defesa do tema, poucas colocam em prática o que está no papel. Apenas 34% das companhias destinam verbas para a promoção e incentivo da diversidade.
Diversidade dentro e fora das empresas
Além de ações de diversidade, é importante que a empresa divulgue o que está sendo feito como forma de atrair os colaboradores e inspirar o setor automotivo.
Das empresas entrevistadas, 48% aproveitam as oportunidades, eventos ou encontros para para incluir o tema e 47% realizam palestras e workshops voltados ao assunto. Com isso, a pesquisa demonstra que ainda falta um longo caminho até a inclusão, mas muitas organizações já estão avançando nesse sentido.
Na divulgação externa, 56% proíbem a veiculação de qualquer mensagem ou imagem discriminatória em seus materiais de divulgação, mas apenas 30% fazem campanhas publicitárias que englobam públicos variados.
Por que promover a diversidade nas empresas do setor automotivo?
A diversidade nas empresas e a inclusão também se tornaram pautas essenciais no mundo.
Desde as redes sociais até os corredores das empresas, a diversidade é reforçada como motivo de orgulho e como valor organizacional.
É fundamental garantir ambientes diversos e inclusos, pois isso passa a representar uma licença para que empresas operem de forma sustentável.
Além de justiça social, essas iniciativas têm valor estratégico, são fonte de vantagem competitiva, ajudam a alavancar o crescimento da empresa e podem impactar os resultados financeiros.
Uma pesquisa da Mckinsey & Company indicou que as empresas com diversidade de gênero, étnica e cultural na liderança têm possibilidade 35% maior de alcançar desempenho financeiro acima da média.
*Para compreender melhor sobre essas mudanças e em como elas estão impactando as empresas, leia o estudo e a cartilha sobre o tema, tão importante e necessário no mundo atual.
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