Carros autônomos e seu dilema legal (e moral)

Em um acidente, quais vidas devem ser priorizadas? A indústria de carros autônomos enfrenta esses e outros desafios. Saiba mais em nosso blog:

Os carros autônomos são programados para responder de maneiras específicas em situações de risco.

Seus programadores devem fazer escolhas difíceis, como quais vidas priorizar ou quem matar em um possível acidente. O dilema moral em questão é latente.

Imagine, por exemplo, que você está sendo transportado por um veículo autônomo. Na rua, uma mulher perde a direção do próprio carro e ele vem, descontrolado, ao seu encontro.

Somente acionar os freios já não será suficiente. Então quais são as opções do veículo?

Seguir adiante e arriscar a vida da mulher e a sua, desviar e atropelar pedestres ou atingir uma parede à plena velocidade?

Se tal cenário fosse real, a decisão já teria sido tomada durante a fabricação do modelo.

O peso nas mãos da indústria de carros autônomos

Em um mundo composto por 7,53 bilhões de pessoas com valores éticos diversos, chegar à escolha mais justa ou benéfica é desafiador.

Além da questão moral, cada país conta com uma estrutura e uma legislação própria, o que deve pesar na hora de decidir os códigos.

E quanto mais se estudam as possibilidades, mais variáveis entram na conta. Mas, para refúgio dos programadores, dilemas como esse já foram muito discutidos na sociedade, inclusive na cultura ocidental.

Eu, robô

Na obra “Eu, Robô”, do escritor de ficção científica Isaac Asimov, escrita entre 1940 e 1950, o mundo é ocupado tanto por humanos quanto por robôs. Existem três leis da robótica que regem essa coexistência:

  • A primeira proíbe robôs de machucarem humanos
  • A segunda determina a obediência das máquinas
  • A terceira afirma que robôs devem proteger a própria existência, desde que não burlem as leis anteriores

A história aborda a possibilidade do uso de brechas nas leis.

Uma delas envolve perspectiva de salvar a vida de diversas pessoas escolhendo o sacrifício de apenas uma.

O dilema do bonde

A mesma dúvida apareceu novamente em 1967, quando a filósofa Philippa Foot criou o famoso “dilema do bonde”.

Nele, você se encontra diante de um bonde que perdeu o controle e está indo de encontro a cinco pessoas amarradas nos trilhos.

Do seu lado, existe uma alavanca que pode mudar a direção do bonde.

Caso puxe a alavanca, você salvará as cinco vidas. Nesse novo caminho, porém, há mais uma pessoa amarrada.

Você tem duas opções: deixar cinco pessoas morrerem ou mudar a direção do bonde e matar somente uma.

De início pode até parecer simples, afinal uma morte é melhor do que cinco. Mas pense novamente. Na primeira opção, você é um agente passivo no acidente. Já na segunda, é ativo.

Diante dessa realidade, como agir e ainda ser visto como moralmente correto? O estudo que mostraremos a seguir pode representar uma boa saída

A máquina moral

Voltemos ao universo dos carros autônomos. Em 2014, pesquisadores do MIT (Massachusetts Institute of Technology) desenvolveram um jogo que segue o mesmo dilema.

Nele, os carros autônomos são o objeto. Chamado de “máquina moral”, ele propõe a seguinte situação:

Um carro autônomo está sem freios e vem em alta velocidade. À sua frente, encontra-se uma faixa de pedestres.

Ele pode seguir em frente ou desviar para a faixa ao lado. As variáveis são diversas: atropelar um carro de bebê ou uma senhora pedestre, atingir um muro e matar seus ocupantes, etc.

O jogo teve mais de 40 milhões de interações, espalhadas por 233 países nos últimos quatro anos.

Os pesquisadores então perceberam ter uma boa fonte de dados para entender o que a maioria pensa sobre o dilema.

Como previsto, os padrões percebidos variavam de acordo com localização, economia e cultura do país.

Nações asiáticas como China e Japão apresentaram a tendência de salvar pessoas idosas, um reflexo de uma cultura que valoriza a chamada “sabedoria” dos mais velhos.

Já os países latino-americanos, inclusive o Brasil, apresentaram a preferência pela vida de jovens, mulheres e pessoas atléticas.

França e Estados Unidos, países mais individualistas, preferiram a quantidade a qualquer característica pessoal. E assim a lista continua, cada qual com sua particularidade.

A ideia por trás da pesquisa era verificar as opções mais socialmente aceitas, auxiliando o desenvolvimento dos carros autônomos. Você pode conferir o resultado detalhado aqui.

A escolha da programação

Como orientações éticas variam não só culturalmente, mas também individualmente, será impossível escolher um código ético que agrade a todos.

Por isso, a indústria de carros autônomos deve guiar-se por estudos e pesquisas baseados no que é socialmente aceitável pela maioria.

A ideia é manter e gerir uma base de dados diferente para cada localidade em que a montadora atue. Dessa forma, a empresa terá o  embasamento necessário para definir os códigos de acordo com as leis e as preferências da população local, tornando as escolhas mais assertivas!

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